As barras das calças dobradas, a camisa aberta pela metade, o fumo em uma mão, a faca na outra. Sentado sobre um pedaço de madeira, o homem é a representação do caipira, eternizada por Almeida Júnior no quadro "Caipira picando fumo."
Era esse caipira, característico, que cantava e declamava as alegrias e dificuldades da vida no campo, que usava de sua criatividade para destinar ao sagrado seus mais belos diversos - criando, em meio a diversas formas de devoção, canções para a folclórica Folia de Reis.
O termo "caipira" foi dado, pelos índios, aos colonizadores que chegaram à região do estado de São Paulo. Significa, em tradução livre, "cortador de mato", uma das funções dos recém-chegados exploradores. Com o passar das décadas, virou sinônimo do homem simples do interior.
A música desse povo, a primeira a ser chamada de música caipira, era essencialmente vinculada a alguma de suas atividades, no que diz respeito ao seu trabalho ou às suas práticas religiosas.
A música servia para que o povo caipira estabelecesse uma relação como o que acontecia ao seu redor. Cantavam para celebrar um acontecimento importante, para passar o tempo enquanto trabalhavam na roça, ou quando se reuniam para a devoção religiosa. Não haviam interesses comerciais por trás da criação, era apenas mais uma característica intrínseca à cultura desse povo.
O jornalista Cornélio Pires, admirador da cultura e da música caipira, personagem fundamental na história da música sertaneja, levava consigo a ideia de que aquela forma de fazer música deveria deixar de ser restrita ao povo que a produzia.
Pires foi a primeira pessoa a investir na música caipira, gravando, em 1929, o primeiro disco do gênero, com canções de vários artistas reunidas por ele. Por esse motivo, o ano ficou marcado como o do nascimento da música sertaneja, a música caipira feita também com intuitos comerciais.
A terminologia é discutida até hoje, principalmente por causa do sertanejo altamente rentável criado a partir da década de 1980. De fato, por mais que algumas pessoas se incomodem, as músicas da década de 1930 e as dos anos 2000 são sertanejas, independentemente das inúmeras mudanças ao longo dessas sete décadas. A música produzida antes de 1929, sim, pode ser considerada, de certa forma diferente, já que era produzida única e exclusivamente para fazer parte do dia a dia do homem do campo.
Texto original extraído do livro "Música Sertaneja - Uma Paixão Brasileira", de André Piunti
Postado por: Daniela Teles Martins
Olá! Saberia me indicar onde comprar esse livro? É que já rodei a net toda e não acho...
ResponderExcluir